| |  
 
 Carta ao estranho que existe em mimData 04/06/2010 21:04:26 | Tópico: Prosas Poéticas
 
 |  | Olá Estranho! (Será legítimo esta intimidade?! – afinal já nem os vizinhos e os conhecidos  se cumprimentam!... Mas eu sou um estranho, ainda mais estranho que o habitual.)
 
 Olá Estranho!
 Escrevo estas palavras sem saber da tua receptividade – tantas vezes tivemos palavras e sentimentos comuns na ponta da língua que nunca chegaram a ver a luz do dia, talvez porque nós, tal como o resto da humanidade, cada vez nos parecemos distanciar mais.
 
 Talvez nunca venhas a ler estas palavras e, se o fizeres, talvez nunca percebas o sentido delas, isto porque nem sempre as palavras têm um cunho prático e emocional. (Sim, é verdade!... Há quem fale apenas por falar, sem pensar ou sequer perceber aquilo que está a dizer, e eu tenho de me incluir neste grupo - mesmo que seja apenas esporadicamente).
 
 Acho que os homens deveriam ter um sistema de alarme ligado à língua e, sempre que esta dissesse um disparate, os dentes se fechassem implacavelmente sobre ela – não faltariam gritos neste nosso planeta, sobrepondo-se aos muitos outros gritos que a humanidade solta a todo o momento e que viajam atormentados nos braços do vento.
 
 Sabes, Estranho!
 Por vezes sinto saudades das muitas oportunidades que desperdicei (agora percebo que foram oportunidades desperdiçadas) mas raramente a ave percorre o mesmo espaço e sobra apenas a ténue neblina de um sonho disperso.
 
 Vezes demais agi por impulso e sem te consultar – talvez por isso deixasses de me ouvir e de me falar desde há muitos anos?!...
 
 Não sei se passaremos o resto da nossa existência de costas voltadas – embora fisicamente estejamos tão próximos – mas sinto-me um ser abandonado no meio da multidão.
 
 A falta de diálogo corrói a humanidade, mas a tragédia maior é aquela que se afoga em cada um de nós – entre o corpo e o espírito – o que leva a prolongar por tempo indeterminado a nossa Cruz na Terra.
 
 Caro Estranho!...
 Reconheço as minhas falhas e peço o teu perdão! Sei que o Espírito tem todo o tempo ao seu dispor, mas o sofrimento acaba por ser comum a ambos... Ajuda-me a colocar um ponto final neste drama!
 
 Volta a ser meu Amigo!... Volta a ser meu Irmão!...
 
 Dá-me outra oportunidade para seguirmos de braço dado, o trilho que Deus nos designou!
 
 
 
 27.03.2009, ValTer Ego
 
 | 
 |