Epitáfio

Data 08/06/2010 23:34:33 | Tópico: Poemas

De amor.
Ainda ontem era um poema, empobrecido por fazer-se grande; tantas as palavras que se lhe esvaiam, cheirando a urgência, como hemorragia.
Brilho de granito suspenso no ar; sol de neon que o breu mutilou; fornalhas acesas e inconsumíveis, que sustentaram sonhos sem pilares.
De mãos tão severas, da dor artesão; tramou na frieza a sua mortalha: um campo sem fim onde viceja o cinza, o funéreo silêncio que em raiz se propaga, o subterrâneo avesso do sim.

O que ainda ontem era um poema tornou-se epitáfio de fumaça e pó.




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=136546