E de súbito

Data 31/07/2007 17:49:44 | Tópico: Poemas

E de súbito, feudatária de um tempo emocional
em que, da Lua, a luz pálida cantava a cotovia
e do Sol, em taça de cicuta,
bebíamos a luz do dia…

… abrupta,

a chaga ao lado, e a utopia,
no plano enviesado,
na confidência temerária
da voz arrancada na secura de um caminho…

… e da boca rouca, a mordaça
dos gestos fartos e ofertos se explodiam
em flores dulcíssimas e claras,
e logo, inconstantes, em cantilenas de danças –
Begónias, Bétulas e Vidos ávidos -,
a espargirem-se em fístulas de rugidos
nos cantos requebros e submersos
dos basilares sentidos;

e de súbito, no sucedâneo,
hirta se erguia púrpura a madrugada
na planície borbulhante em carapaças
gretadas de cigarras…

… e do mar, do nosso mar,
um rio condensado de poemas,
razões supremas, de um bem querer,
pertinente a navegar.

E tudo eras tu, e tu o tudo,
e rouca a sombra do cigarro do teu fumo,

… desfalecida, da tua mão perdida,
a minha mão naufraga e perde o rumo.

E de súbito… o mar é estrada e larga a vaga!



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