pai.

Data 09/06/2010 17:02:18 | Tópico: Textos





pai hoje mataram-me. atiraram o meu corpo à noite, fui engolido por milhares de estrelas famintas, pai. hoje morri. perdoa-me o que não te disse. hei-de ensinar-te a fazer camarões fritos. prometo vir aqui às vezes, mostrar-te a luz das estrelas que trago nos bolsos. tudo o que te disserem de mim será mentira a partir de agora, tudo. nunca, depois deste momento, poderão afirmar que me viram. todos esses que dizem que me conhecem são uma mentira. deixo-te a minha cana de pesca e uma fisga que usava na cidade para espantar as pombas, espero que com ambas espantes a solidão. só somos de nós. ouviste? só somos nós. se te disserem que fui mais alguma coisa tira-lhes a língua.








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