Uma Tragédia Brasileira

Data 09/06/2010 23:52:17 | Tópico: Poemas

Achava insignificante a vida.
Por isso comia bem e dormia mal.
Curtia drogas, travestis e vadias.
Por esse motivo todos o conhecia,
Desde a delegacia até ao hospital.

Batia nos cães apenas por terapia.
Lançava perfumes nos dias de carnaval.
Não teve infância, raparigas, mãe ou tia.
Nem nunca foi presenteado no natal.

Conheceu amargamente o sistema prisional.
Com toda sua ineficácia, crueldade e tecnologia.
Lá introduziram algo pelo seu orifício retal
Fazendo um homem-menino ser um homicida.

Bebia vodka, conhaque e cheirava cocaína.
Todos o chamavam de fulano de tal
Mais um pária na vida... Nem nome tinha
Apenas queria uma morte tranqüila
Numa cova “fudida “ untada de cal.


Sorria sempre que se via como um animal.
Dentes agudos ferindo a roupagem da língua
De uma forma injusta, desumana e desleal
Por isso tinha a barriga e a cabeça crescida.

Toda essência dentro de si era de sódio e sal.
Deu um tiro na boca numa manobra suicida.
Atravessou o Aqueronte sem Dante como guia.
Seu corpo morto foi recebido no recinto infernal.
E ele achando que insignificante era a vida.












Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=136670