Leituras 12 - António dos Santos (António Boavida Pinheiro)

Data 11/06/2010 17:22:56 | Tópico: Textos

Como dentro de dias cumprirá o seu aniversário, e eu estarei ausente das minhas lides da internet, melhor: com disponibilidade para inserir aqui textos com conteúdo capaz; eis-me aqui a colocar esta minha leitura sobre António Boavida Pinheiro, aquele que considero ser o que melhor se expressa na mesura que tenho como a princesa da Poesia: a Redondilha Maior.

Antes de ir ao que interessa, uma nota: não me enviem mensagens privadas ou e-mail's sobre estas minhas leituras. Estou farto, mas farto mesmo. Considero o seguinte: se há algo a dizer, então que digam nos tópicos respectivos. Cá estarei para debater. Não concordam?, mas há a obrigatoriedade de concordância? Será que não passa na cabeça de quem me contacta que uma opinião contrária pode enriquecer estes espaços? Pensam que os autores são incapazes de digerir opiniões? É aqui que a coisa deve ser discutida, abertamente, não na escuridão do privado. Haja bom senso, que, já dizia Descartes, é a única coisa que foi bem distribuida, isto a julgar com o que julgamos possuir.

Posto isto, vamos ao que interessa, a décima-segunda, de vinte, leituras que preparei.

Como logo na abertura menciono, António Boavida Pinheiro é, dos que li no Luso-Poemas, o que melhor aproveita a capacidade musical da redondilha maior para a feitura dos seus trabalhos.

Este autor, em muitos casos, consegue trazer-nos, não só ecos de, digamos assim, uma voz do povo, plena do que a nossa tradição soube de melhor produzir e, também, autênticas lições sobre uma visão do mundo, contaminada pela envolvência cultural do autor, isto porque é, neste caso em concreto, difícil de dissociar o facto de António Boavida Pinheiro ter formação superior como antropólogo e sociólogo, entre outras.

Agora, porque digo o melhor?, por isto: consegue, com grande eficácia, enquadrar a sua forma de dizer à forma comummente de dizer, isto é: a mesura métrica tem que ver com a transcrição do escrito para o oral, isto significa que nós dizemos uma sequência de sons de forma diversa dos restantes.

António Boavida Pinheiro não foge a essa regra, mas, porque dela tem consciência, sabe trazê-la para o seu domínio, sobretudo porque tem inquestionavelmente um conhecimento da língua que lhe permite dizer em arte como se dissesse na mais banal conversa de café.

Lê-lo é entrar num mundo de aparente simplicidade, mas que nos obriga a descortinar reflexões plenas de sapiência.

É, sem dúvida, um dos autores que recomendo para uma leitura atenta, porque há que ir para além do que aparenta.

Xavier Zarco


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