Gritos à solta na selva dos desiludidos

Data 01/08/2007 10:54:02 | Tópico: Poemas -> Desilusão

Rasgo a noite
com a ponta aguçada
de um silencio moribundo…
As palavras já não dizem o que sinto…
Têm medo de o dizer
E rendem-se a teus pés
Suplicando um pouco desses teus ouvidos surdos.
Sinto que alguém roubou a liberdade da minha alma
E a trocou por dois pares de grades
Que me cravaram no fundo do peito.
Tenho gritos mudos na garganta
Extasiados pelo teu “não querer”…
Indignados por gravares um NÃO tão legível
Nas folhas soltas que me dás…
Sacudo os pensamentos com força
Para ver se eles fazem algum sentido
Baralhados na cabeça…
Penso em dormir com os pés em cima do tecto
Só para deixar o sangue fluir outra vez dentro de mim..
Vês como ainda tenho ideias loucas?
Como sou capaz de ir correr atrás dos candeeiros da rua
Mesmo sabendo que eles estão parados?
Voar para mim nunca foi um sonho
Mas sim uma realidade constante
A desafiar-me para novos destinos imaginários.
Estabilidade emocional é que não é para mim…
É para quem não sente!
Porque as emoções são dementes
Amam-se ou odeiam-se…
Não servem para serem devoradas em lume brando
E com os pés no chão.
Sabias que o meu coração é uma selva
Onde os famintos se consolam?
E eu numa jaula vejo-os a saborearem-me os restos antes de partir…
Da garra de um leão
Não tenho sequer o cheiro
Mas quando acredito mordo as minhas certezas até ao fim…
Por isso é que o meu peito por vezes é tão escuro
Só gosto de comer na escuridão.

Daniela Pereira

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