restos de r.

Data 13/06/2010 19:46:31 | Tópico: Textos








pretendia dizer-te todos os movimentos que o corpo faz no abandono. revelar a pele, as larvas dentro dela, os ossos. estou cansada. ainda ontem me lembrei de te escrever uma carta de amor, bárbara. não há rios de água salgada, não há lágrimas doces. mar. deixo-te o mar. hei-de inventar-lhe formas e texturas várias, que um dia te caiba nos bolsos. queria escrever as raizes destas árvores que me olham, altas, a sair da terra, com bichos dentro da madeira. os ramos a pesar-lhe para o chão. morre aqui a última memória que de ti tive, há cerca de dois minutos, quando o teu rosto me apareceu de entre os arbustos. não te ouvi falar, nem uma palavra, que silêncio é este que me dói tanto. que silêncio. tenho estado tão só, se soubesses, tanto dentro como fora, um desencontro tão grande com as pessoas, que conhecimento é este do mundo, que dói tanto.









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