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Data 13/06/2010 22:41:29 | Tópico: Poemas
| Carrego a esperança Num gesto ofuscado Numa impermeabilidade demente Matizo os meus dias de cores toscas Não reparas, ninguém repara Todos passam apressados Como se o dia definhasse Eu mantenho-me imóvel Numa estranheza passiva Apetece-me gritar Mas garganta não tenho Apetece-me correr Acabei de partir as pernas Quem sabe possa voar E assim lá do alto acenar Até à exaustão Mas… Nesse dia será tarde Tu não me viste Ninguém me viu E eu acabarei por me afogar No grito que me sufocava E assim acabarei por renascer E passarei a ser eu que não te vejo Nem vejo as gentes que passam a correr.
Finalmente passarei a ser mais um Numa multidão gasta Onde todos perfazem nenhum.
Antónia Ruivo
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