
a casa de r.
Data 16/06/2010 19:52:54 | Tópico: Textos
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quase sempre à porta de casa. o rosto quieto entre as mãos do corpo - espera - mais tarde é-o a noite. antes de chegar já lá estava como a sombra quando o sol nos dá por trás. no contra-luz da paisagem movimentam-se algumas árvores, famintas de pássaros migrados para sul, recheadas de fruto, o ventre camuflado verde. traz uma casa às costas, desce o ramo e perde-se folha, saliva junto ao corpo - lesma - caracol. quase sempre à porta, à boca. há morte. revisita-lhe a angústia, um retrocesso de si, como a memória curta das flores. a serenidade no cio do bicho prenhe de saudades. e a noite descia da copa das árvores até à terra, uma textura escura dentro da pele. forma-se longe a certeza de morrer só, como as flores, as que apodrecem nas primeiras chuvas.
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