Leituras 16 – Sampaiorego

Data 18/06/2010 05:52:46 | Tópico: Textos

Nunca lhe comentei um texto, um único nem que fosse para lhe dizer que o leio: bem espero que depois não fique com aquela estranha sensação de que nada fiz para que ficasse por aqui, tal como ocorreu com a Egéria ou a Carla Ribeiro.

Sampaiorego trata amiúde um dos temas mais importantes da poesia, a morte, como poucos dos que aqui tive a oportunidade de ler. Há nos seus trabalhos também um travo irónico, muitas vezes a resvalar para o sarcasmo. Este tópico e este timbre dão-lhe os artefactos essenciais para o saber erguer um texto. Frases como: “tinha evitado morrer a um dia da semana – esta gente não perde fins-de-semana”; mostram bem da capacidade de observar este novo mundo em que vivemos, e transfigurá-lo em arte, em mensagem capaz de, embora dizendo somente, no outro ser catalisadora de uma nova mensagem.

Não há tempo a perder, o que há é tempo para ser aproveitado e vivê-lo, de preferência, tal como este autor nos quer dizer, pelo menos assim o leio, com a morte bem agarrada pela mão, tal como uma criança. Enquanto ela medir os seus passos pelos nossos, nós cá andaremos.


Xavier Zarco


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