
Quando me nasce a noite na boca
Data 20/06/2010 15:25:22 | Tópico: Poemas
| Quando me nasce a noite na boca escolho um vinho maduro para que me escorra na garganta o tempo enquanto salivo luares alucinados. O corpo tomba na foz do dia o olhar acomoda-se naquela mancha na parede e mastigo uma vindima com sabor a silêncio. Oiço os cânticos daquele ano cheiro o suor das vindimadoras e o melaço das uvas prende-se-me aos lábios a fruta madura em gotas grossas de vermelho paixão em hora de colheita.
Quando me nasce a noite na boca descanso o pensamento nas colinas argilosas viradas ao sol que desavinham no meu peito mais uma vez. Viro-me na madrugada que colho no sentimento mais ébrio do momento e adormeço na madeira de cada videira que me alimenta na seiva da vida.
Quando me nasce a noite na boca descanso com o granjeio de mais um ano enquanto o prateado do luar é lençol que protege a vinha neste cio de mão humana.
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