
Meu auto-retrato
Data 02/08/2007 18:20:02 | Tópico: Poemas
| Quando com pena e papel eu me esboço Tento me definir em traço sob traço E me vejo surgir num perfil meio tosco Como uma peça que fora entalhada a maço... ~ Então redefino os meus paralelos Em linhas bem fortes e escuras Refazendo a minha corrente, elo por elo Que foram quebrados por minhas danuras... ~ Mas se me faltar borracha para apagar o erro Então risco e rabisco, fazendo-me borrão E finjo-me ser a noite apontando por de traz do cerro Ou uma nuvem negra, entre as nuvens de algodão... ~ Então se me faço nuvem, que venha a chuva E em riscos tortos, faço-me chover no papel Inundando as variantes destes bucuvas Até que eu possa me estiar do céu... ~ Então me volto a desenhar as margens Definindo minha cabeça, pés e mãos E na assimetria da minha auto-imagem Percebo que não cheguei a perfeição... ~ Então se me ver como um novo mapa Serei igualmente torto como suas linhas Mas terei escalas com as medidas exatas Encontrando-me nas partes que tu sublinhas... ~ Meu auto-retrato se transforma a seguir Nas helicoidais, diagonais, linhas em que posso me ver Penas e grafites que demarcam o meu ir e vir Neste papel onde eu posso me reconhecer... ~ Mas se como um desenho rupestre, você me definir E na minha desenvoltura não encontrares a métrica Digo que sou como um quadro que está a evoluir Rabiscando-me até encontrar a minha parte geométrica...
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