Era para ser um poema de amor

Data 26/06/2010 15:27:52 | Tópico: Poemas

arrepia os acordes elos da espinal-medula
tal abelha sem colmeia. carnívora
morde as pernas em toques de mel
explora jardim por um postigo a sul.

desconfio que tenho uma colmeia no meio do meu jardim.


um anel de azeviche enviado como prenda
lacre envelope branco emprenha
estreita frincha do postigo
sob o sol do teu meio dia
de lanternas maças maduras.

então no trilho calmo de uma vasta curva
mudas de roupa, respingas dentes de rodízios
um sedar de treva-flor se avizinha
excelente trocar de cuecas para mochos.

desconfio que tenho um boticário no meio da minha cozinha

enxame secular
mordisca o ar
onde se escuta o entoar dos dedos gordos de um velho hipnotismo
marca inúmeros encontros comigo,
telefónicas memórias adubam a minha já terra farta.

desconfio que tenho um saco de estrume no meio do meu caminho

uma brisa beija violentas violetas calmamente
em ramos arranjados a treva agreste,
ao pé do quiosque da esquina
um jornal de folhas secas
sabem a jacintos.

como te sinto.

desconfio que tenho radares, bússolas, quadrantes, sex.tantes, astrolábios, muletas e enxadas
que transporto nas bossas de camelo,
atiradas contra o disparate que não mais dá troco a de. lírios,
pr´além dos espinhos das rosas que não forçam mais areia.

Estás aí? começo a conhecer. Te
marsupial coração que recolhe o essencial do que conheço.



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