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 Cristandade (ou O Rebanho de Deus)Data 28/06/2010 14:33:13 | Tópico: Poemas
 
 |  | Góticas torres e eclesiásticas Vozes erguem-se para o paternal céu;
 O ar, cheio de vontades monásticas,
 A todos sufoca, como um véu
 Apertado nas gargantas suásticas
 De ovelhas comendo o lobo-deus seu.
 
 Em orgiástica antropofagia
 E celeste e divino vampirismo
 Observa o rebanho o nascer do dia
 No templo do teo-canibalismo
 A meio da noite escura e fria,
 Em frenético puritanismo...
 
 Seus olhos rasgam o crucificado
 (Só um rapaz vestido de Messias...),
 E engolem o corpo santificado
 Filho de deus e de humana Maria
 Que no ventre incubou o desejado
 Rebento de uma crença judia.
 
 Oh tu licantrópico deus cristão,
 Como te cercaste por tal rebanho?
 É o teu filho, do teu filho irmão,
 Quem te consome em pecado tamanho
 Em missas de violenta comunhão
 Onde te reza o verbo um estranho.
 
 Morto e despido, na sua cruz de madeira,
 Jaz aquele que morreu pela humanidade…
 Morreu pela humanidade inteira,
 Pela crente e gentia Cristandade...
 
 Jaz morto...
 Mas fita com os seus olhos sem idade
 A pornográfica submissão da Humanidade
 Inteira...
 
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