De nenhum lado ...
Data 03/08/2007 09:31:02 | Tópico: Poemas
| De nenhum lado, se explode a voz da alma, na gangrena putrefacta de veias verdes, na infecta gota engolida à gola da palavra.
A terra arada, em chama. A tempestade salgada de pérolas mortas.
As horas enviesadas, as horas tortas, em que no banco do jardim dormiram orcas e no oceano moscas mergulharam em escafandros rotos de promessas.
No recuo das águas, nas areias extintas de vidrado, nos espelhos de imagens retalhadas, ajoelhada em rebusco axiomático e peregrino, perpetuada no rastejo lento de um rasto ácido e macilento: o teu cheiro.
… e o amor, maior e o amor primeiro, mais alto, mais alto, que a vaga espargida sobre a colina decúbita da vida.
De nenhum lado de parte alguma, chovem na raiz dos ossos cavos, nos nervos e nos tendões, nos buchos de servidões, emoções sem rumo.
Chovem-se densas, alagam as águas.
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