«« Não quero nem tento entender ««
Data 28/06/2010 19:38:48 | Tópico: Poemas
| Não quero nem tento entender Um sonho á deriva pensando viver Um murro no estômago sem fazer doer Um andar apressado querendo correr
Não quero nem tento entender Uma solidão consolidada Numa esperança enviesada Este vazio que finjo não ver
Uma terra que caminha Por entre névoas na lembrança Pigmentadas de bonança Numa calmaria que adivinha
Que a seiva é suor gelado Em que o sol abrasador se deleita Bem que tenta contrafeita A sombra empurrar um arado Para assim esfarrapar um grito calado
Que o povo solta cansado Onde está a memoria colectiva Que finjo não existir É-me mais cómodo não ver e sorrir Esquecer que existe uma força nativa Ela espreita por detrás do monte Envolta em agreste saudade Espera calada pela vontade De uma força que já foi possante
Também espreita por detrás da vida De uma criança que olha a direito Coisa que há muito perdi o jeito Sabem, essa criança não teme a subida
Corre-lhe nas veias o sangue de outrora Já cobriu a terra de vermelho rubro Alentejo desperta, ergue do escombro As forças que fazem, nascer a aurora
Antónia Ruivo
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