
Monções
Data 03/08/2007 12:53:04 | Tópico: Poemas
| Corre um vento frio por toda a madrugada Como um lamento vazio que até parecia uivar E com ele venho a chuva; lavando com água gelada Todas as luzes no apagar de seu olhar... ~ E essas intempéries parecem dividir o nada São ventos que sopram forte, numa outra viração Até que chuva caía forte, e corra pelas calçadas E escorram pelo leito da rua, até sumirem no chão... ~ Perco-me nos sons desta tempestade, e na ilusão De ter por necessidade, o calor afastando-me da noite fria Mas distraio-me ao longe com os raios, e o eco de um trovão Que faz tremer o chão, onde meu tormento espargiria... ~ Assim calculo meu tempo em uma matemática irracional Pois não há cálculo que venha quebrar com este ritmo Não vou parar de sonhar, mesmo que não me pareça normal E vou deixar o vento soprar, até onde toca o meu intimo... ~ E assim sugere o relógio, são três horas da madrugada A alma quente e o reflexo do corpo nu no vidro molhado Reflexo indolente, a sombra de uma luz apagada Meu espírito entra a noite, e eu mantenho-me acordado... ~ Perdoe-me pelo que eu não fiz, mas levo-me por esta monção Assim com ela me esparramarei aonde o mundo se esconder Vou dividir-me em pedaços, até transformar-me numa fração Serei o fogo do aço, o triunfo do que não podes vencer... ~ Pois onde houver os ventos vindo do norte, tu há de lembrar O que se tornou congênito, em toda esta sua pluralidade Pois tu és filho de um vento que sopra forte no mar E tem a singularidade de sua mãe que se chama tempestade... ~ E tu és como ela, a cada pequeno sentido de tuas emoções É um espelho d’água de imagem forte, onde a chuva cai É és torrencial na sua essência, e levada pelas monções Filho do vento e tempestade és o rei dos temporais...
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