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TENTAÇÃO DA CARNE
Vejo-te do isco, sempre a fugir
e eu a deixar,
te sentes tentada e queres resistir
e eu a insistir
deixo-te andar.
Partes e voltas, não tens decisão
e eu a mostrar-te um novo alfabeto
te sentes perdida na indecisão
são tiros certeiros ou passos sem chão
o que lês no folheto
do meu coração?
Vem rasgar comigo os véus do deleite
num fogo que morde, que traz inquietude
e que acabe o mundo e a noite se enfeite
e o mar das virtudes
nos olhos se deite...
Tu chegas mais perto, tão longe das janelas
hesitas nas dobras da porta rangente
e prendes nos dentes palavras, balelas
dum amor que sentes
e a ninguém revelas.
Mas sei que me amas e vou-te fisgar
na boca do tempo, na gruta guarida
esperaram mil anos o teu pernoitar
pois sempre estiveram no gasto da vida,
resistindo aos danos do teu hesitar.
E mordes o isco por ti cobiçado
te fazes de presa nas garras do cio
me esmagas a boca num beijo excitado
entornando o corpo de anos guardado
e tornas-te foz, no fim do meu rio.
E o amor acontece, num dia distante
na dobra teimosa que tardou em vir
Eu fico acordado, cavaleiro andante
escutando em silêncio o pulsar vibrante
neste breve instante, do teu existir.
Regensburg
29-06-2010
Beija-flor