S/título

Data 01/07/2010 15:17:23 | Tópico: Poemas

Ouço o barulho da chuva no calor desta noite
de verão: a procela avançando-me pelo rosto,
pingo a pingo, com o sabor salgado a mar.
Há qualquer coisa de messiânico, diria,
na forma como me prego a Mim Mesmo a este
papel - à medida que a trovoada me sussurra
aos ouvidos à guisa de gargalhadas:
"O Diabo esfregou-me o olho no dia de amanhã
em que o sono da morte me adormeceu!"
O dia já vai longo e os meus olhos deixaram
pisadas, pestana a pestana, as tórridas areias
da tua longínqua cidade-natal. O que é
preciso é ter alma, picou-me o escorpião.
Mas se a não tenho eu, da cruz
quem me despregará?


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