TALVEZ NÃO VOLTE

Data 01/07/2010 22:03:42 | Tópico: Poemas

<img src="http://i50.tinypic.com/2qw2935.jpg" border="0" alt="Image and video hosting by TinyPic"></a>
TALVEZ NÃO VOLTE

São muitos os dias, sondando alento
Brandas são as noites no fundo do nada
Cigarros queimando por fora e por dentro
Os gestos famintos numa barrigada.
E este vento que trespassa o corpo
Na gaiva do longe, tão perto e tão morto.

Penso-me renegado e quero partir
Nas trevas que brotam, não sei explicar
Nos gomos da boca me dei a sorrir
Quando em mim nasciam soluços de mar!
Murei-me de forte, compus-me insensível
E esperei que a sorte me fosse plausível

Mas hoje é tão tarde para me reinventar
Num mundo perfeito, nas falhas que sou
Pressinto o fim breve do meu vaguear
Neste sofrimento que a vida moldou.
O tempo do tempo que em mim existiu
Um sopro escondido, ninguém descobriu.

Derrubo castelos, desmonto e arraso
Este brilho que insiste em mim pernoitar
Dos triunfos e vitórias vou ganhando atraso
Neste mar tão raso, tão longe de alcançar.
Assim vivo a compasso, espreitando na fresta
Desarmando o tempo inútil, do tempo que resta.

Talvez não volte a deixar beijos e abraços
Pois não encontro neste tempo o que procuro
Morrerei nesta batalha de palhaços
E nascerei talvez mais tarde... No futuro.

Regensburg
01-07-2010
Beija-flor

Prometo voltar, num futuro breve...



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=139730