...na palma da tua mão!

Data 05/08/2007 12:29:36 | Tópico: Poemas -> Amor

Dorme,
dorme o rio embriagado no vinil das águas.

Dorme siderado, em palmilhos caldos de palavras
soltas dum realejo afónico,
no esplendor irradiado d’imagens,
em orlas esmagadas p’lo som aflautado do desejo,
na suplica silenciada e dolorida,
na pele tatuada, retalhada em fúrias de rasgões.

… um beijo. Um só beijo.

Chora a boca,
chora em margens aciduladas, no vazio os dentes,
onde se alojam limos empinados em búzio escorregadios
e neles, as vozes,
os murmúrios lentos do desdém.
… de ninguém
a sílaba mecanizadas em sortes subalternas,
acende a luz rolada, a luz bruxuleante e logo parda,
…a perda
da fala arrolada às cavernas de ternura.
Esta loucura líquida, esta lonjura hídrica.

Larga-me, deixa que escorregue, a falésia do teu medo,
que derrape e que me afogue, que não mais acorde,
e que por fim, se faça incineração de mim.

“E aqui e mais além, a solidão…” (1)
E o mar, na palma da tua mão!
Na tua mão…
… na tua mão!



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