
Sobre os dedos
Data 09/07/2010 01:44:44 | Tópico: Poemas
| Desfiz na nossa cama os lençóis E com eles emaranhei os dedos Até sentir doer e estalar as unhas. Nos nós do cabelo que constróis Com estes meus fracos dedos Senti cruzar a força que neles punhas
O pulsar do sangue. O pulsar apenas! Nos dedos que agarraste apertando Cada vez que os teus dedos tremiam, Senti tremer meu corpo como as penas Que tremem num vendaval coçando O capim dos campos que se infirmam
Ao passar a praga de muitos insectos! Sentir passar-te o vendaval nos dedos; Baixinho. Quase que insensível, parece! Quase rente ao corpo que dos afectos Que fizeste cruzar com os teus dedos Estremece, e por esses dedos padece.
Nos meus dedos restam apenas os nós Que emaranham, apenas, ainda os lençóis Da cama que era nossa e quis desfazer. Largo agora os dedos pelos próprios nós Que agarram com a força dos lençóis O corpo deitado, carente, ainda a padecer.
|
|