
A janela do décimo andar
Data 06/08/2007 12:09:27 | Tópico: Poemas
| Já não acredito em tudo que posso ver, isso me basta, Não creio nem nas luzes que cruzam o vidro transparente, Pois não há sol que retire a tristeza que me abate, Nem uma policromia retirará o luto que minha alma sente... ~ Não creio que possa existir alguém misturado a minha pauta, Nada pode mudar o mundo escuro, meu mundo de cinzas negras, Mas ontem eu pude viajar ao obscuro, sou um louco astronauta, Em dez milhões de estrelas, nestes meus caminhos sem regras... ~ Mas a viajem tem volta, acordei-me num total desespero, O meu fascínio quebrado, mal podia sentir os pés no chão, Que revolta, eu quero quebrar tudo, e quem ouvirá meu apelo? A janela está aberta, e grito por ela, mas tudo parece em vão... ~ Vou até a geladeira, não há água que me refresque agora, A sede que eu tenho é insana, não consigo tirar a secura da boca, Tenho que me livrar disto, não sei do tempo, qual será a hora? Sinto-me sem ar, pois algo me sufoca nesta imaginária forca... ~ Corro para a janela, ali o vento sopra-me a aragem bendita, E vejo lá em baixo o mundo pequeno, em um quadro doente, É um quadro cinza, mas quem será que pintou os detalhes desta dita? Com ônibus, carros, pessoas, vidas sobre vidas, tudo tão diferente... ~ Mas algo me chama lá para baixo, subo na guarda com coragem, Explano meus braços em cruz, agora tenho certeza que posso voar, Salto neste momento, essa será a mais longa de minhas viagens, Não sei qual será o meu destino, não sei onde vou chegar... ~ E tudo voltou a ter cores! Cores que antes não podia reconhecer, Voltei a sorrir, pois estou voando para minha liberdade, Olho lá para baixo, agora tem muitas pessoas que podem me ver, E parecem gritar, talvez não acreditem que eu voe de verdade... ~ O que era pequeno, parece crescer agora diante de minha visão, Tudo vai tornando-se maior, embora que se aproxime lentamente, Mas eu não sei o que houve, tudo se tornou escuro ao tocar no chão, Devo ter caído novamente, no lado negro de minha mente...
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