
Pesadelos hereges
Data 06/08/2007 18:36:38 | Tópico: Poemas
| Uma janela se bate ao vento, E folhas desprendem-se dos galhos, Esparramando na rua um som advento, Pronunciado responsos de meus atos falhos... ~ Como impropérios que agridem até a carne, Da lâmina de uma língua que corta adjacente, Na noite as lágrimas não te põem em alarme, Pois a pior mentira, e a mentira que se sente... ~ A noite chega, e suspira sobre os becos, E cruzes são cobertas pela sombra da lua, O profano grita, retumbando seus ecos, Enquanto fantasmas invadem as ruas... ~ Tétrico pesadelo, que me retorce na cama, Batendo a minha porta, arranhado minha parede, Queimando-me com a ponta de sua bagana, Uma brasa febril, que aos meus versos treslede... ~ Impuro sonho, ilógico, num feitio de drama, Sem fuga destes labirintos desertos e noturnos, Onde procuro a luz, mas só encontro à chama, De um fogo que me queima taciturno... ~ E este me arde as chagas da noite, Em pesadelos vampirescos que me tomam o sono, Pois o medo do escuro me toma de açoite, Mostrando-me este meu frágil abandono... ~ São pesadelos hereges, de maus pronunciados, Que dançam sobre este meu mal dormir, Corrompendo aos meus predicados, Quando pelas noites fica a me seguir... ~ São hereges que me tapam com sua capa preta, Pisando-me com seu sapato vermelho encouraçado, Martelando-me com sua enorme marreta, No tic-tac do relógio que me mantém acordado... ~ Acordado, mas dentro de um pesadelo proscrito, Que não acaba nem com a luz do dia, Do mal que me asseguro, de medo eu grito, Em passagens, paisagens obscuras...Bruxarias... ~ A noite se estacionou no firmamento, O relógio parou no tempo, e não vai seguir, A insônia me consome de um modo lento, Dentro do pesadelo, em que não posso dormir...
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