
NOS BRAÇOS DO RIO
Data 17/07/2010 15:52:44 | Tópico: Prosas Poéticas
|
Roubei-te um beijo com leve sabor a maresia. Meus lábios salgados encontraram os teus e eu não resisti à irresistível sede de te beijar cabelos esvoaçantes ao vento da tarde solarenga com o rio a emitir seus traços de prata nas ondas cavalo com espuma feita de galgos esbeltos feitos de platina. O sol encontra-se no seu zénite e o calor é sufocante: caminhamos em direcção ao rio e arregaçando o teu vestido descalçaste as chinelas e mergulhaste os teus pés na frescura da água reflectindo o astro-rei no cós de minhas calças, que logo despi para juntos encontrarmos a água. Brincamos como dois adolescentes no vigor das águas frescas e demos as mãos para que o compromisso e a alegria fosse mais coesa e em conjunto nadássemos. Por um acaso no nosso deslumbramento engolimos água à medida que sorriamos e o sorriso com algum atrapalhamento pelos goles desmedidos fez-nos engasgar e tossir para alívio de nossas gargantas. Retirando o cabelo dos olhos pudemo-nos ver com clareza e o silêncio pairou no ar por instantes, olhos brilhantes e pestanas como se com com rímel nadamos um até ao outro e beijamo-nos longamente. Subindo o pontão de madeira velha que logo rangeu ao nosso caminhar demo-nos conta que o melhor seria apanhar um pouco de sol, para dar uma corzinha à brancura de nossa pele. Deitamos uma toalha no chão e espalhamos um pouco de bronzeador e assim ficamos juntos e em comunhão.
Jorge Humberto 17/05/10
|
|