Era uma madrugada agreste, quando um vento lá do sudoeste bateu três vezes na minha janela. Me assustei mas fui com cautela. Era só o vento e nada mais. Ai a luz me apaga, fiquei às escuras. Abri a janela tentando iluminar mas não era noite de luar.
Debaixo da cama ouvi sussurrar uma voz, meio fanha e estranha. - Meu Deus, gelou me as entranhas. Respirei fundo e tentei escutar. Ela disse que é um demônio! Me dizendo com um ar de mistério, sobre a vida e seus segredos. E eu já não sentia medo.
Novamente, três vezes o vento. Será que era um pesadelo? Na janela, ouvi um morcego passar. Me arrepiei! Eu não tenho a quem gritar. E na minha cama ouvi alguém chorar. Eram os mesmos de Emily Rose. Senti e vi a maldade, a crueldade. Me girou a cabeça!
E sem querer comecei a me contorcer. Minha voz ficou grave. Fiquei até inteligente, falando fluentemente em latim! Eu não entendia nada, só sei que naquela noite, eu gritava. Subia pelas paredes, suava frio e sentia sede.
Sentia a dor, correr dentro do meu sangue, como se não houvesse amor. Eu estava sozinho, até a porra do meu vizinho não estava em sua casa. E eu, ateu, sem pensar comecei a rezar! Todo torto e com desconforto. Sentia fome e procurei por aranhas e baratas pra me satisfazer.
Foi a coisa mais nojenta que eu já fiz mas aquilo me deu prazer. Enquanto eu via todos os meus sonhos e ilusões se desfazer. Eu queria chorar mas cada lágrima me fazia cantar e sorrir. De novo, os três ventos. E era três da madrugada.
Foi ai que fodeu, eu comecei a me machucar ao bater em mim mesmo. Até meu nariz começou a sangrar, sentia dor e não podia chorar. Sentia minha garganta ficar seca de tanto gritar, mas não vinha ar. E o tempo não passava, e eu já não tinha mais o que pensar.
O futuro, óbvio, que não chegaria. E o passado, eu me esqueci! Os sonhos morreram, os heróis foram brutalmente assassinados. E eu ali, no presente. Fodido e sofrendo eternamente. E pela última vez, os três ventos, que vieram violentos.
Era três da madrugada, não pude dar nem a última trepada. Minha vida fora morta, possuída por demônios ensanguentados. Não lembro quantos eram mas riram de mim e foram embora entediados. E foi assim, a primeira vez nessa vida, que eu morri.
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