Não comerás do pão o miolo que te alimenta E nem beberás do vinho o fermentado que te embriaga, Não olharás nos olhos a luxúria que te deseja E nem sucumbirás ao prazer da carne que te enleva.
Caminharás com o peso de teu corpo A ventilar ao leu os sonhos que não cumpriu Levarás contigo, de um lado, o fardo da culpa E do outro o da frustração.
Sentirás no peito o peso dos amores desfeitos E te assombrarás com os amores que não viveu, Olharás sempre ao chão onde pisa, Pois não haverá mais horizonte para onde seguir.
Tragarás os teu erros como julgo E as vitórias como uma perene lembrança E te fadigarás com o porvir Porque o porvir já bem conheces e aguardas.
Destino amargo e cruel te reservo, pobre homem, Que tem o bastão da vaidade e da ambição Como o deus que oras a cada dia que se passa Para acordar na insanidade do pó ao que volverás.
São Gonçalo, 19 de junho de 2010.
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