Pela fresta da janela

Data 20/07/2010 12:10:02 | Tópico: Sonetos

Houve mais que um sussurro ontem. Houve
Mais que um perdido cão latindo ao longe.
Houve cruel razão qu'eu nunca soube,
Rasgando meu silêncio cru de monge.

Coube no peito meu o tudo. Coube,
Ambiguamente assim, o som do nada.
Ninguém p'ra perguntar baixinho: Ouve
A canção que se fez na madrugada?

Amanheci mais tarde nu e trouxe
Na boca um gosto amargo. A beberagem
Tornou todo o meu ser embriagado.

Um feixe-luz de sol aproximou-se,
Da fresta da janela fez passagem.

Liberto está meu peito estagnado.



Frederico Salvo


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=142494