
Luminescências
Data 20/07/2010 13:14:49 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Encontro-me em estado anáfora Benzina que se ergue nesta simetria Ao encontro da miopia ardente dos meus olhos
(Há um norte e desnorte que antecipa a vida caída no meu regaço)
Imagino-me em chão aberto Cárcere de um tempo em que me sentia nua Mendigando pelo pão-nosso de um dia só
Abençoado aquele que me oferece as searas E m’ilumina as noites Abençoado aquele que m’esquece Enquanto mendigo o Amor por outros caminhos
Calorosos momentos em que me ofereço em veneração Por uma morte esquelética a cair nas esquinas por onde andei Que m’afronta E m’amedronta os olhos
Santificadas sejam as vozes E beatificados os corpos que descem à vida E que esta terra infame me cubra por inteiro E me reparta em pedaços
Retalhos mórbidos de um sono perpetuado na tua boca Abundância fanada por um viajante doutros mares Em derrame pelo meu corpo
(Aguardo pelo sol, ou pelo que resta dele, enquanto moribunda ao teu olhar)
Que seja meu companheiro De um caminho a Norte Que trespasse a minha pele já fétida Que se submete à sorte de um aconchego a Sul
Que nas planícies, eu veja de tempos a tempos A história dos nossos dias, num raio crescente Que acima de nós, se avistem os astros Que me falem alto de um ponto Em que te encontro
Fiquei muda e quieta E já nada me move deste espaço Onde assento a minha dor E mostro-te que há mais Muito mais a Sul Para além desse mar que nasce no teu colo Acabrunhando a arte de bem saber existir
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