Na Noite Que Vem

Data 22/07/2010 20:13:05 | Tópico: Poemas

Só a solidão embala minhas noites.
Só eu estou sozinho neste vasto mundo.
E por mais que procure o amor, ele me escapa.
É como água que escorre por entre os dedos.
É impossível agarrar aquilo que não tem forma,
Aquilo que não consigo conter com minhas tão pequenas mãos.
Só as lágrimas embalam meu sono.
O estranho é que depois de chorar me sinto mais pesado ainda.
É como se a dor, para mim, nunca tivesse fim.
Mas o peso é um algo misto:
Sinto uma leveza que só se encontra na dor,
Na minha tristeza.
Choro.
E com o rosto ainda molhado e o peito amargurado, oco,
Sinto um entorpecimento no corpo pesado de coração leve.
E de repente me toma o sono...
Que vem acalmar a minha tempestade interior,
Que se não fosse acalmada, me consumiria por inteiro.
E eu seria um náufrago em meu próprio corpo.

Quando acordo sinto-me, ainda, leve e pesado.
Mas sinto menos aquela falta, aquela ausência.
E fico bem.
Momentaneamente.
Mas o vazio continua lá.
E o buraco no peito dói demais.
É quase insuportável. É corrosivo.
Por isso é que morro sempre que acordo.
Tomo consciência que estou só no mundo e que o mundo
Nada de bom guarda para mim.
Entretanto há esperança.
Tenho em mim um fiapo de perseverança indestrutível.
Vou conseguir o que quero.
Todas as coisas me esperam sem dizer que me esperam.
Sempre é assim.
O desespero não leva a nada.
O autocontrole sim.
Embora ainda tenha que enfrentar tantas outras noites
Sozinho,
Sofrendo,
Acordando
E dormindo de rosto molhado,
Eu não desistirei de nada.
Não abrirei mão de um grão do pó que me cerca.
Todas as coisas me esperam.
Eu sei.
Embora esteja sofrendo tanto.



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