O RIO Autor: Carlos Henrique Rangel
Sobre a balaustrada Vi o rio E seu caminho. O meu? Eu não sei Do caminho. Não conheço Minhas margens Não vejo a foz. De onde estou Não vejo o outro lado. Da nascente... Da nascente Não lembro... Meu caminho Não é protegido Por balaustradas É inseguro como a vida. E já provocou tsunamis. Outras vezes Foi manso Como um regato E beijou flores Nas margens... Meu caminho É menino antigo. Teimoso, rebelde. Mas segue... Eu não sei Do meu caminho... Caminho. Adivinho e mal. Sigo os sulcos E me derramo Cachoeiras. Meu caminho Tem águas límpidas. Às vezes turvas e barrentas. Meu caminho Brinca comigo Assusta-me Ou me faz rir... Eu não sei Do caminho. Aprendo a cada dia... Ou tento. Deixo-me levar Para ver onde vai dar... Eu não sei Do meu caminho. Repito. Caminho...
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