
«« A minha musa ««
Data 24/07/2010 22:17:25 | Tópico: Poemas
| O calor infernal, queima a cidade Estamos no verão, alguém desabafa Depressa, depressa uma garrafa Mata-me a sede, ai que ansiedade
Os pombos mergulham no chafariz Ai quem me dera meter-me lá dentro Devia ser bonito, tu lá centro E o repuxo vaidoso e feliz
Corre p`rá sombra uma criança Grita-lhe a mãe, olha o chapéu O raio do puto de pernas ao léu Nos seus calções cheio de pujança
Dá uns toques na bola, rebola, rebola Corre o gaiato para o meio da rua Travou um carro que sorte a sua Grita-lhe a mãe levas na tola
Por entre conversas a meio da tarde Este calor ainda me mata A comadre logo remata Vossemecê só faz alarde
Estamos no verão, no Alentejo O que mais quer senão calor Já imaginou se fossemos dispor Escancara a boca, enorme bocejo
Adeus vizinha, vou bater a sorna E logo mais é que faço a janta Não sei o que tenho na minha garganta Dói-me que se farta, vai e logo torna
Ai vizinha que me ia esquecendo Então já viu a Maria da esquina Não é está prenhe a Flausina Ora comadre é do calor Pois fique sabendo lá disse o doutor Enquanto cá estamos é que se vai vivendo
O calor infernal queima a cidade Por entre as sombras, vozes amenas Porque hoje é sábado, se esquecem as horas Passa um turista de alguma idade Bate uma foto da senhora Joana Ora ouça lá vossemecê, pare com isso ou leva na mona
Final de Julho, quarenta graus E eu vou subindo lentamente, os degraus Que me levam a casa, sorriso alargado Que há de melhor, que o Alentejo dourado Amo esta terra, é a minha musa Mesmo que por vezes a ache confusa.
Antónia Ruivo
Ler mais: http://escritatrocada.blogspot.com
|
|