Em repouso nas Catedrais (versão YouTube)

Data 26/07/2010 21:58:30 | Tópico: Poemas



Em repouso nas Catedrais

Repito incessantemente o insano, abrupto, agreste olhar,
que deambula pelas salas abandonadas,
cheiro a pântanos esquecidos, ocultos dos mortais.
Não quero abafar a dor por ter em mim o amargo desejo.
Canso-me em cortes, dilacero espelhos quebrados,
quero-me morto na voz alagada, imersa nas ideias perdidas.
Seco de sentimentos.
Já farto de noites em maresia, emoções apodrecidas,
nas varandas do descontentamento.
Quero-me esvoaçante no espaço alado,
Quero-me com asas de ave de rapina, cruel,
em descanso nas catedrais.
Olho para dentro, sou o inerte, selvagem, e negro mago,
o fiel depositário das cinzas do Outono.
Sigo pelas calendas de Maio, gozo dos prazeres do tempo imundo.
Faço as minhas orgias nas fontes sagradas,
e comungo no Altar insano,
dentro da minha mesma pele.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=143536