NÃO HÁ JUSTIÇA

Data 28/07/2010 12:24:01 | Tópico: Textos -> Surrealistas

Os tempos actuais, são maus. A crise em nada ajuda, e somente os exploradores conseguem levar a melhor.

Pessoas que morrem de fome, sem abrigo, sem nada a que se possa chamar vida, vivem como podem e esta sociedade que nada tem de bonito, ainda os critica.
-Não sabem fazer nada... outros, não querem fazer melhor, não é porque não saibam mas fazem de propósito.

E as criticas chovem de todos os lados. Os pobres lá vão barafustando, Não, vocês não têm razão, não posso fazer de outra maneira, não sei fazer e então os privilegiados pela fortuna ou pela inteligência, riem, fazem troça, provocam esses pobres que no fim não fizeram mal a quem quer que seja, simplesmente, são eles, são como são, que fazer.

Vem isto a propósito de três pessoas que morrendo de fome, roubavam.

Verdade seja dita, sãos actos não louváveis, mas que fazer para poder viver como os outras pessoas?

Estes três gatunos, decidiram de ir a uma quinta pela calada da noite e trouxeram com eles um leitão, uma galinha e um coelho e lá voltaram para casa contentes com o que tinham feito, sempre tinham que comer por uns tempos mas foi sem contar com uma patrulha de policia que se cruzou com eles e os prenderam

Depois de ouvidos na esquadra onde passaram o resto da noite, foram levados no dia seguinte a julgamento em julgamento imediato, não sei bem se é assim que se diz, mas deve de haver alguém por aqui entre tantos poetas e poetizas alguém que me possa dizer.

E lá se apresentaram em tribunal.

A sala estava repleta. Havia a família e principalmente muitos amigos dos gatunos e também a família e amigos dos proprietários

Presentes também e como não podia deixar de ser, os advogados de defesa dos proprietários dos animais e o de defesa dos gatunos, é a lei.

Os advogados, cada um a seu tempo interrogaram os acusados e cada um um, o Juiz incluído, chegaram a uma conclusão.
O advogado dos proprietários, pediam a condenação dos gatunos e o advogado dos gatunos, a sua absolvição.

O juiz, um homem ponderado e sábio, depois de um interregno da audiência voltou para anunciar a sua decisão.

-Depois de bem reflectir a tudo o que foi aqui dito, cheguei à seguinte conclusão:
-Para os chamados gatunos, decidi de os absolver.
A galinha, o coelho, e o porco, são condenados à morte, a razão é simples; os gatunos estão lá para roubar e a galinha, o coelho e o porco estão lá para fugir o que não fizeram, tenho para mim, que fizeram de propósito, por espírito de vingança contra os humanos.

Moral da história, não há justiça, não sei porquê, mas as vitimas são sempre culpadas

A. da fonseca




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