QUEBRAR O GELO

Data 29/07/2010 22:45:41 | Tópico: Poemas

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QUEBRAR O GELO

Sei os invernos, rosto dum livro
Esfacelado ao vento sem anestesia
São gestos letais onde circunciso
Os restos dos ossos numa fantasia.
E o gelo entranha-se no pacote aberto
Vertendo memórias no meu alfabeto.

Vou velando as balsas, cruzando os dedos
Tropeço nas mangas sem acto ou efeito
Os bolsos vazios eu rompo de enredos
Agarrando tarde um abraço estreito.
Queria, sei bem, cozer a bainha
Encurtar distancias e fazer-te minha.

Conheço este inverno, me corre nas veias
Do sonho, da esperança, da estrela caída
Das vidas tão poucas, tão mansas e cheias
Aguardando a meias, nas teias da vida.
E saltam das tocas, pelos madrigais
Lágrimas lembrando, que te amei demais.

E desfaço as pedras, queimo o desejo
Furo as montanhas, desafio o espanto
Detono da boca vestígios do beijo
Que te dei na força de querer-te tanto.
Ilustro um sorriso, subindo a montanha
Derretendo o gelo, invernos de cor
E dou uma chance à vida que venha
Se vier tamanha, trazer-me calor...

Regensburg
28-07-2010
Beija-flor



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