água.

Data 30/07/2010 12:27:28 | Tópico: Textos







corria o ano de mil novecentos e oitenta e sete, numa maratona, à frente ia o coração, atrás o corpo. sempre só, ela de braços póstumos ouvia a chuva, pernas abertas ao medo. estávamos em novembro e olhavam-se como se fosse a primeira vez. levantou-se ele noite alta, queria ouvir de perto a água a bater na pedra. sentou-se fora. ela quis contar-lhe uma história, começou pelas eras, acabou nos sempres, e enroscada num cobertor grosso adormeceu as pernas pequenas. regressou ele dos charcos, olhos afogados de água, coração frio na pele. quero dizer-lhe que vida esta é a nossa, por que nos perdemos. quero amá-la como às tempestades. à chuva, não sei dizer. olhou-a como se ama um pássaro em voo descendente, depois foi deitar-se com ela, ouvido perto da boca.












Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=144074