"Meu pior castigo foi a eternidade"
Não sou um homem. Sou um ser das trevas, da escuridão, das sombras, sou um ser da noite. Eu fujo da claridade e me espreito em vielas negras enquanto sou observado pelas corujas e gatos pretos. Pelo menos eles não fogem de mim como qualquer outra criatura na face dessa Terra. Não tiro a razão delas, como dei a entender, talvez pelo contrário, prefiro que façam isso. Continuem correndo de mim.
Eu sou um monstro.
Odeio esse corpo que rastejo por lugares imundos, soturnos, por cemitérios em noites de lua. Não aguento mais olhar para essas mãos pálidas, para o chão que não projeta minha sombra, para o riacho que não tem meu reflexo. Já não suporto olhar para dentro de mim e enxergar apenas o vazio, o buraco aonde outrora já houvera uma... alma.
Não posso é compreender o fascínio que as pessoas possuem por essa aberração. Não existe prazer algum em ostentar esses caninos afiados e em ter olhos de um vermelho-fogo. Não tem graça por a mão sobre o peito e não sentir nada, nem um mínimo pulsar! O sangue? Não é saboroso, desce rasgando a garganta saciando a sede incontrolável que me consome por dentro.
A eternidade? O pior destino. Saber que terá o para sempre dessa vida de horrores na mais amarga solidão experimentada.
Fujam enquanto podem, estou com sede...
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