
INOCENTES
Data 31/07/2010 02:05:22 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Quando todos os rios navegarem sem mar Por horizonte Perdidos em leitos fantasmas e pedras soltas Rasgados de gritos e murmúrios indefinidos Os corações adormecerão o sono dos olivais
Os mares escandalizarão as veias famintas De certezas As mãos abrirão sulcos no chão e não brotarão sementes O Amor Universal Murchará nas pétalas sedentas Como uma mãe acaricia o rosto Ao filho que já morreu!
Entre blasfémias e ecos de choros Projectados no infinito As folhas das árvores revelarão Ancestrais sabedorias À noite Murmurarão filosofias de vida Aos corações Alheios ao passado Imporão a precária necessidade De serem úteis
NO FUNDO TODAS SÃO INÚTEIS!
São apenas folhas outonais à espera da chuva ou do vento Desejosas de rodopiarem pelo éter Marcarem no tempo um movimento Insano
No banco dos suicidados Onde os suplicios são arrancados às entranhas As aves imploram misericórdia No cimo dos galhos nus A um deus Que a existir Não as escutaria Furaria os tímpanos Cegaria a íris...
E continuaria a existir!
2 Março 2004 António Casado
|
|