
ALENTEJO
Data 31/07/2010 03:07:29 | Tópico: Poemas -> Sociais
| Campos verdes que procurais uma definição pátria Para a beleza que exalais Que a vida germinada de vós Exalte a grandeza desse imenso sonho colectivo De dividir o trigo pela enxada!
Nas searas verdejantes Nos montes batidos pelos sol Da terra constante e vermelha Como se o caudal da distância Se derramasse em sangue pelo vosso povo Ergue-se o grito suado Como sinónimo da vida que rebenta em cada ramo Hino de terra remexida Alardeando a longevidade do Alentejo!
Aqui A copa das árvores brinca com as nuvens As urzes derramam em sombras o deleite No desaguar perpétuo das espigas maduras.
Oh terra! Abri-vos ao apelo lançado pelas formosas cegonhas Que planam pelo mais profundo da consciência! Recordai neste sonolento passar do tempo A pressa das sementes geradas no pão moído Nos ancestrais moinhos de vento! Que estes arrozais acordem Para que numa opereta de Sado Guadiana Mira e Atlântico ressurjam do mar os guardiões rochedos Que colonizam a Vicentina Costa! Que os estranhos corséis do passado Trespassem com a mesma espada de sangue A seiva brotada destes pinheiros mansos!
Acordai caótica árida beleza! A melodia que se liberta dos grãos de areia São hosanas Na voz dos homens e mulheres que te bradam Num conjunto total sonhador e profético! Conta as venturas dos teus filhos em luta Pelas pedras húmidas das ribeiras claras!
Levanta-te da laje fria Catarina! Traz no regaço um filho e uma foice No arado guerrilheiro No grito de justiça Na rendição serena das oliveiras negras! Que Aljustrel produza Gomas de encanto e fortuna Com que amamente de sonhos O suor toupeira dos seus homens!
Cantem os sobreiros a dança da chuva Na aridez ainda desértica do próprio grito Que se ergue na gravidez solidária da terra!
Para quando a promessa de um acto de coragem Que faça rejuvenescer na alma a certeza Dos costumes de cortiça desta gente?
21 Agosto 2009 António Casado In - Clamor do vento
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