
Silencio-me nas tuas mãos
Data 07/08/2010 10:43:19 | Tópico: Poemas -> Desilusão
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A ventoinha abre os olhos para o pesadelo comprimido numa lata de conserva em suspense. Uma borboleta gira no meu pescoço sem oxigénio e abre fendas no céu escarlate da noite. . Escorrem as palavras por um fio de néon que a noite soletra na sombra de um beijo - apagado no contorno frágil da minha mão, onde outrora dilatou os poros reluzentes com a brisa. . Silencio-me nas tuas mãos. . Enterro os dedos na terra vermelha da pulsação, tento estancar as feridas descarriladas. Ardem as carruagens, estilhaçam-se os vidros que os olhos plantaram nas bermas dos caminhos; ouve-se o cantar do monóxido de carbono nas inclinações do corpo deposto na ravina. . Segues com os teus passos irregulares sem nunca olhares para trás, onde, imóvel - me entrego. . Silencio-me nas tuas mãos. . A luz da lua pousa nas ervas manchadas, o rio corre rápido como uma chita... como se tivesse pressa de dizer ao mundo que os meus lábios sedentos de saudade são como um atentado à bomba para o rosto da alma; onde me despeço e as constelações vibram. . Silencio-me nas tuas mãos. Adormeço nas metáforas da noite. . E sou. E parto. E nada sobre o eco permanece.
rainbowsky
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