Admiro...

Data 10/08/2010 01:16:41 | Tópico: Crónicas

Admiro aqueles que entenderam que a vida é efêmera, e que a eternidade fixou residência em um tempo bem curtinho, e por isso, faz um pacto com a magia do momento; fogem de todos os “pós-humanos”; reconstroem a consciente loucura pelo já; recompensam o instante com a mágica da vida;
e desenham uma alma leve recheada de significados.

Admiro aqueles que viajam de mala e cuia pra dentro da vida, e transformam a vida em um renascer constante, não permitindo que lhe digam “verdades” prontas, negando, desta forma, a condição de aletófílo, pois estão convencidos que doses miúdas de conversas “tolas” rejuvenesce, além disso, sabem que um copo de palavras é o suficiente para embriagar a verdade e torná-la mentira.

Admiro aqueles que escapam das procrastinações, estas situações roubam o presente arremessando as pessoas pra longe da vida, tirando-lhes o direito de serem os heróis do agora, tornando-os, escravos da previsão futura, furtando assim, os significados do existir em vida, transferindo o viver para uma existência imaginária.

Admiro aqueles que descobriram que uma forma boa de promover tempos fecundos é se valer de pontes que ligam bem estar com magia; e que as alegrias constroem liberdades que “pilotam” o vôo da vida com a velocidade da respiração; edifica a alma e suaviza as rugas, libertando-nos da condição de refém do destino.

Admiro aqueles que minimizam as suas angústias com os acasos, aniquilando os medos e tornando os sofrimentos menores, tanto com as dores passadas, como com as expectativas futuras, descobrindo que o poder da humildade é vital, conserva a simplicidade como companheira de todas as atitudes, tornando os seres humanos resilientes e ressignificados.

Admiro aqueles que mantém a dignidade, e sem exceder na vaidade se tornam insubstituíveis. São pessoas que sabem usar sandálias de salto alto como se fossem franciscanas; que cantam desafinadas, sem preocupação, elas entenderam que o que conta é o canto e não afinação; que riem de si mesmas quando falham, a falha é humana, e somente como humanos percebe-se o aprendizado que os erros proporcionam.

Admiro aqueles que administram o espetáculo da vida sem serem asfixiados por promessas fictícias, eles descobriram a diferença entre viver e procrastinar, e entenderam que a feitura da vida não pode ser "alimentada" por postergações, e que é na necessidade da renúncia onde nos completamos, o que evidencia que a maior riqueza que se pode acumular são as “insanidades” regadas por instantes de alegrias.

Admiro aqueles que aprenderam com John Lennon que: “A vida é aquilo que acontece enquanto você faz planos”; e com a aranha compreenderam que o brilho de suas teias são esculpidas com o sereno da noite que não resiste ao sol da manhã; com a semente da mostarda descobriram que a fé pode ser mensurada; com Babel desvendaram o charme dos múltiplos, o sagrado do multirracial, e a beleza dos burburinhos...



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=145664