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 ACORDE E VÁ VIVERData 12/08/2010 15:19:18 | Tópico: Poemas
 
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 ACORDE E VÁ VIVER
 
 Desabotôo-me por dentro para fechar-me de fora
 Exponho meus ouros e cobres (forjo outros metais destemperados)
 Oriundos das minas mais profundas do intestino delgado
 Cuspo meu orgulho numa escarradeira cravejada de brilhantes
 Entupo-me de salmão com gosto de mortadela azeitonada
 O que sai em troca com o meio-ambiente são gases hilariantes
 A regra do jogo é estapear os entes mais queridos
 E matar de beijos qualquer não-parente suficientemente odiável
 Todos eles tem algo de detestável (mesmo sendo a maioria bem-educada!)
 
 Enrolo-me com papel alumínio (coloco-me em microondas)
 Um minuto é o suficiente para esquentar os ânimos
 Queimo-me dos cabelos loiramente mechados até as amarelas unhas
 Sirvo-me com talheres de prata e em desenhados pratos de papel
 Ávido e esfomeado, rasgo-me até a fina toalha de algodão egípcio
 Provoco o tombo do raro vinho em minha profunda garganta furada
 Os bordôs já não são como antes (muito velhos para minha juventude)
 Sonhar com sucesso é enfadonho mas real (requer vastas goladas)
 
 A sombra do sobrado é replicantemente repleta de luzes egoístas
 O que coloca-me em vantajosa e amordaçada evidência
 Vivo morrendo a cada palavra por vencimento do prazo de validade
 O água dos absurdos atufa o leito licoroso de meu valão sentimental
 Isso soa como se fosse algo veramente relevante (o que de fato é)
 Estou empanturrado, coberto de nada, cheio de mensagem alguma
 O que em tese seria bom para todos, menos para cada um por si só
 Aguentem: tempo se perde, o ponteiro vai e não fica, zomba, caçoa
 Suplico a esmo: acorde e vá viver (a vida por si só é suficiente poesia)
 
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