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Data 12/08/2010 21:16:12 | Tópico: Poemas
| (Mote) Sou de um tempo imperfeito Não termina, nem germina Está preso, tem defeito Como cepa sem vindima
Num caminhar aflito Percorro sete caminhos Cercados de sete espinhos Que me espetam a aflição Fazem-me gritar não e não A cada picadela ao de leve Que deixam marcas na neve Na neve dos meus cabelos Que se solta em ais amargos Sou de um tempo imperfeito
Sou rua sem ter esquina Moinho sem ter trigo Quem quer saber do que digo Nos dias que acordo viva Porque noutros há quem diga Que dos mortos eu saí Há quem grite eu vi, eu vi Sua alma em negação Caminha em contra mão Não termina nem germina
Na correnteza a preceito Se soltam gralhas brancas Aqui e li vozes francas Falam de um tempo que é meu De algo que não volveu E que a neve soterrou Génio que não inventou A lâmpada de Aladino Não olhem pr`o meu destino Está preso tem defeito
Mas caminho rua acima Lá no alto encontrarei Semente que semearei Da qual nascerá o feitiço Do que não digo e cobiço Do que almejo, e sei que é meu Um pedaço de azul do céu Lá ao fundo da planície Não olharei a velhice Como cepa sem vindima
Antónia Ruivo
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