FOSTE MINHA PERDIÇÃO

Data 13/08/2010 21:00:41 | Tópico: Poemas

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FOSTE MINHA PERDIÇÃO

Não me venhas falar de amor,
Nessa inconstante arte dissimulada...
Sabes,
Por vezes deparo-me com pedaços de solidão
Espalhados em memórias e fracassos...
Queria meu amor,
Ter a força de mudar o rumo,
Desgovernado destino.
Amei-te,
A ti coragem,
Naquela manhã cintilante de mimosas e papoilas.
No fresco do feno,
Rolávamos sem medo, sem limites para sonhar.
Amei-te por aprender contigo,
No abandono do real,
Decifrando segredos e sorrisos num olhar.
Amei-te,
Mas,
Porquê dizer amei-te?
Será que morreste comigo na despedida dos carvalhos?
Perdi-te, mas ainda te sinto vacilante
Nas partidas e chegadas,
Dançando contra o meu peito...
Roubando-me beijos à tardinha...
Queria ter-te sentido,
Na arca do tempo,
Presa a meus braços como correntes inquebráveis,
em sentimentos puros e cristalinos
Junta a mim
Sempre ,
Como gira o Mundo, sem cessar.
Julgava ter conquistado o sonho duma vida,
Que percepção fugaz.
Venerei teu rosto de giestas e alecrins,
Silencio doce e auspicioso
Por momentos, senti-me dono do mundo.
A ponte para a eternidade.
Quis-te como um pássaro solitário,
Ansiando a demorada chegada da primavera,
Esperando por ti,
Numa insustentável cumplicidade.
Mas não vieste...
Chorei-te...
Oh meu amor,
Foi aquele o tempo,
Em que senti rasgar o arado dos sonhos.
As trevas se abateram
Nas léguas do infinito,
Duras,
Sobre as pedras da calçada,
E num sofrimento abominável me deixei cair...
Sofri-te em cantos e poemas gigantes de magoas e sentidos,
Numa dor calada, ensurdecida.
Foi por ti
Terra queimada e destruída,
Canteiros de fogo e sedução,
Que cortei aqueles tristes carvalhos,
Fazendo das tábuas meu caixão.

Regensburg
Beija-Flor



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