RECEITAS RÁPIDAS - Poema doce
Data 18/08/2010 17:44:49 | Tópico: Textos -> Outros
| E porque o que é doce nunca amargou, não acredito que alguém recuse lamber com os olhos um poema com gosto a mel e rosas. Está bem, nem sempre apetece e nem sempre cai bem a quem é diabólico... perdão!, diabético. Mas, uma vez por outra, sabe bem e recomenda-se. Eu, confesso, sou um bocado de poemas doces. Há quem seja mais de salgados, picantes, ácidos, quiçá amargos. Não é que eu não os aprecie, e até que não me aventure (ou eles a mim...) por versos dessas variantes de sabor. Sou de boa boca, graças a Deus. Mas versos doces sabem-me sempre bem.
Tratemos então do nosso poema doce.
Ingredientes:
.uma porção generosa de amor (serve amizade, ou até saudade doce - sim, porque a amizade é salgada, mas também pode, sim, ser doce...) .palavras floreadas, a gosto .igual peso de mel puro .um pedaço de imaginação .uma pitada de sal (opcional) .aroma de nós* .rosas, cálices de sol, beijos de seda, murmúrios de noite, carícias de brisa... à vontade, para enfeitar
Confecção:
Inspire.
Escolha o ingrediente principal cuidadosamente, sentindo-lhe a textura, o cheiro, as sensações.
Disponha-o, com ternuras próprias para o efeito, sobre um papel em branco (não necessariamente branco).
Misture-lhe as palavras floreadas, mas sinta-as, isso é importante!
Acrescente o mel para a doçura necessária, sem exageros.
Todos estes passos, claro, incorporando aos poucos a imaginação.
Finalize como o toque (opcional) de sal e a adição do travo de nós*
Enforme a gosto, com a ajuda de rimas, ou deixe livre, ao correr da pena.
Enfeite, então, com um icing de imagens poéticas (não patéticas!) que a sua inspiração ditar. (Confie na inspiração, tente não transpirar muito. Dá trabalho e resulta forçado e não natural...)
Sirva morno.
*nós - pronome pessoal
Bon appetit!! Para exemplificar, tentei seguir a receita a preceito e confeccionei este. Sobre o joelho - não é o local próprio, mas espero que não amargue, pelo menos:
Sabes? Sabes. Ainda tenho no peito o calor doce que deixaste, doce amor, nem a saudade te rouba o lugar cativo, trago-te sempre comigo, ao alcance de um beijo meu. Sabes? Foi tão forte o nosso abraço, que nunca desapertou... e o perfume que deixou, de tão doce, fez nascer rosas dentro do meu peito, doce amor, ainda em botão, à espera que o teu toque as faça abrir com jeitinho e desaperte em ternura este amor que em mim perdura e que cuido com carinho. Doce amor, virá um dia em que enfim desfolharão, mas sei que te tenho perto pra me dares a tua mão e me mostrares o caminho sobre as pétalas já sem ninho...
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