OUVIR AS FALAS

Parar a vida para ouvir as falas
das palavras proferidas em frases descabidas
a dizer nada, nada... Melhor escutá-las.

Sopram um vento aliterado, queimam, cinzam.
Retornam à origem desjuntadas, esfumadas
em brumas, vaguejando torrentes d’água
ou semeadas em terras que mal germinam.

Após, de desditas, recompõem-se
num forno de forjar “próprias lavras”...
E as mesmas alocuções já expedidas,
Retornam absolvidas, reconsagradas.

Serão, de todo modo, as mesmíssimas palavras.
Porém não proferidas de maneira cordata
por bocas contraditas, bocas inauditas,
bocas que sugam o mel da palavra deleitosa...