a senhora da boca grande

Data 21/08/2010 11:13:29 | Tópico: Épicos

a senhora da boca grande soprou a bolha da vaidade, desceu aos ombros do desdém e repousou no umbigo da sua leviandade. atravessou um país vestida de organdi, noiva de seios caídos nas praias da ignorância. em cada cidade abastecia de vénias e palmas e ia engrossando a sua sombra no assalto ao pico da futilidade. subiu ao alto da torre da bajulação e lançou-se num grito autoritário. pensando subir, prendeu o seu vestido branco sujo na nuvem da insensatez e viu-se nua em queda e espanto. desconheceu-se na zoeira inesperada de gargalhadas acidentadas na curva do abismo directo ao chão que a cobriu de terra. acordou tarde demais enterrada num corpo velho e trôpego sem memória ao fundo do quintal da sua lataria. rasteja hoje, na sua humidade, com os dentes debaixo do sovaco. não fala, baba-se.

a senhora da boca grande soprou a bolha da vaidade, desceu aos ombros do desdém e repousou no umbigo da sua leviandade. atravessou um país vestida de organdi, noiva de seios caídos nas praias da ignorância. em cada cidade abastecia de vénias e palmas e ia engrossando a sua sombra no assalto ao pico da futilidade. subiu ao alto da torre da bajulação e lançou-se num grito autoritário. pensando subir, prendeu o seu vestido branco sujo na nuvem da insensatez e viu-se nua em queda e espanto. desconheceu-se na zoeira inesperada de gargalhadas acidentadas na curva do abismo directo ao chão que a cobriu de terra. acordou tarde demais enterrada num corpo velho e trôpego sem memória ao fundo do quintal da sua lataria. rasteja hoje, na sua humidade, com os dentes debaixo do sovaco. não fala, baba-se.



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