QUADRAS (FIOS DO DESTINO)

Data 21/08/2010 16:11:02 | Tópico: Poemas -> Saudade






QUADRAS (FIOS DO DESTINO)














Parti da aldeia pr'a cidade
Disse-lhe adeus a chorar
Hoje dou conta da saudade
E morro para lá voltar

Conto os dias conto as horas
E os anos são já uns quantos
Porquê tu morte me apavoras?!
Me levas da vida os encantos?

As lembranças estão presentes
Verdades, por mim passadas!
Meus passos são diligentes
Meus sonhos pequenos nadas.

- Já me perco p'lo caminho
Já nem me dou por achada
- Nem por sombras adivinho
P'ra que a vida me tem guardada

Parte o sol de mansinho
Pulando por cima do muro
Deixa sombra no caminho
E deixa meu coração escuro.

Era um amor mais que perfeito
Um amor maior que o mar...
Era um amor maior que o peito
Onde só eu o sabia arrumar.

É tanto o que a gente sente
Que de amor o peito está cheio
Já que colhemos a semente
Que a colhamos sem receio.

Os teus olhos são botões
São cinzentos como o mar
São as minhas preocupações
Deles me não quero afastar.

Hão-de rebentar novas folhas
Em mim lá p'la madrugada
Para veres quando me olhas
Que ainda me sinto amada

Da Vida já não dou conta
Nem do que ela me ensinou
Minha memória já tonta
Também com a Vida cortou

Já não gasto a Vida toda
Me diz o destino ingrato
Gira a Vida numa roda
De m'ha alma é o retrato

A saudade é meu abrigo
Deixem que viva com ela
Às vezes parece castigo
Onde afogo o pranto nela


Sorvo a Vida e palpito
Vai a Morte colher-me breve
E logo meu coração aflito!?
Queixoso vai batendo leve

Com o decorrer dos anos
Fiquei de sonhos despida
E com tantos desenganos
Minha barca anda perdida

Saudade de coisas perdidas
Brasas em combustão lenta
Minhas esperanças ardidas
Minha alma vazia e cinzenta

Trago meus olhos nos teus
Meu coração em sobressalto
São eles pecados meus...
Raios de Sol que já vai alto.

Plantei rosmaninho no quintal
Salva e pé de erva cidreira
Farei chá... que passo mal!
Amor por ti trago cegueira


Recolhi estas minhas quadras, nem sei se já postei por aqui algumas, mas se fôr o caso, é a minha vez de reeditar.




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