DUETO GYL / BEIJA-FLOR

Data 23/08/2010 19:03:51 | Tópico: Poemas

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PENAS IGUAIS

\"Diga-me, meu amigo Beija-Flor,
Pássaro perito na árdua arte do voar,
Como ser livre para ser feliz e amar
Para me entregar às maranhas do amor?

Diga-me, meu pássaro amigo, já.
Mas me diga logo e por favor
Pois provei do mel de uma Flor
E creio que mais pulcro mel não há.

Primeiro deixe que te diga,
De forma pacata e serena,
Que provei do veneno de uma pequena,
Da menina morena debruçada na janela,
Da casa avarandada ao lado da casa minha.
Ela é a coisa mais linda!
Me diga, meu amigo, viste ela?

Perdi-me no mar daqueles olhos azulinos;
Nos veludos perigosos dos beijos mais.
Por isso queria saber de ti, meu amigo,
Tão querido desses tantos Portugais:

Nas andanças pelas corolas da vida,
Furtando o precioso néctar de flor em flor,
Já beijaste os lábios teus, lábios iguais?
Teria no mundo das delícias igual sabor?

Termino aqui essas más traçadas linhas
Em momentos de devaneios, redigidas.
Abraços apertados ao meu amigo de lá.
Assinado: Do teu, de todo coração, Sabiá!

Gyl

As noites e os dias se revezam
Num ciclo que jamais terminará
O amor é de quem voa em liberdade
E essa existe em tuas asas, sabiá!

Tem flores que choram e suspiram
Outras sorriem e nos cegam de encanto
Tem flores até, que os pássaros nunca viram
Mas que deliram
Quando escutam nosso canto.

E todo o dia que raiar a madrugada
Inventa um canto, um hino, o que não há,
Deixe entoar, nos estames de sua amada,
O teu canto apaixonante, sabiá.

Não a vi, por todas que beijei pelas varandas
Nem nas florestas perfumadas de alfazema
Mas pelo bico te confesso, eu por cá
Também procuro há muito uma pequena.

Qual flor de lótus, nem rosa do deserto
Muito menos orquídeas ou açucenas
Apenas te digo de peito aberto
Partilhamos ambos, as mesmas penas.

Um dia, irei visitar tua floresta
Sentir o néctar desse pólen tropical
Polinizar no pouco tempo que me resta
Essas flores com as que beijo em Portugal.

Quero encontrar-te na varanda que descreves
Junto à morena de que falas com fervor
E escreverei sobre esse amor poemas breves
Como a pureza dessas penas, brancas, leves
Que pousarei pelo caminho em cada flor
Farei saudosamente a minha prece
O amigo beija-flor
Que não te esquece.


Beija-flor


Obrigado amigo Gyl,
pela partilha deste momento.
Abraço fraterno do lado de cá.



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